Queridas Senhoras,
o restaurante português ao domingo é uma festa. Em geral, ao domingo almoçamos em casa dos meus pais mas no fim-de-semana passado houve uma troca nos dias e, por isso, fomos parar, no domingo, a um restaurante português do melhor que pode haver.
O restaurante português ao domingo é uma alegre confusão mas ninguém se importa com isso. Tem famílias inteiras, com velhos muito velhos e bebés de colo. Dentaduras e chuchas.
No restaurante português, ao domingo, deixamos cair as defesas. Os miúdos podem fazer barulho à vontade, e até partir o ocasional copo. Há sempre mais chinfrineira na mesa ao lado a abafar a nossa.
O restaurante português ao domingo tem um cheiro que identifico logo (não sei se é a mistura das tolhas brancas de papel, o pão de Mafra estaladiço, a carne assada e as batatas fritas), e que me faz lembrar outros almoços de domingo em família quando ainda havia avós e eu era neta.
No restaurante português ao domingo a comida é sempre boa. Isso nem se questiona. É tudo bom, do pão e azeitonas, à carne e ao peixe. Os pratos são carne ou peixe e designam-se por uma palavra. Há bacalhau, polvo, cabrito, borrego, feijoada, favas, cozido. Tão simples como isso. Os acompanhamentos podem ser mais elaborados, admitem duas ou três palavras: batatas a murro ou, se quiserem um toque de sofisticação, migas de espargos.
Ninguém está muito preocupado em fazer contas porque o restaurante português ao domingo é barato. Isso é regra. Vamos comer muito bem, não vamos ter nenhuma desilusão, muito menos no preço. Contudo, para que isso não falhe, há quer gerir bem as doses. A dose no restaurante português ao domingo é uma travessa generosa que abala seriamente até o mais corpulento dos apetites. O desperdício não combina por isso pedem-se as doses à conta e o que sobrar manda-se meter numa caixa para levar. Há-de saber bem ao jantar do dia seguinte.
No restaurante português ao domingo, antes que lá mais para o final do dia sobrevenha a melancolia, somos descontraidamente felizes. Não pensamos em nada a não ser em comer bem. Comemos batatas fritas sem culpa e molhamos o ovo no pão. Não dispensamos sobremesa. No restaurante português ao domingo, as sobremesas têm nomes antigos que me fazem lembrar a aldeia. Arroz doce há sempre, molotof muitas vezes, profiteroles e, em casos verdadeiramente especiais, um doce de época: farófias.
O restaurante português ao domingo é uma instituição que devemos acarinhar. Como quem não se esquece de visitar os avós todas as semanas,
Onde é que vão almoçar hoje?
Beijinhos a todas,
Céu
Nós temos um restaurante português mesmo aqui ao lado de casa e hoje o almoço foi arroz de pato. Uma maravilha. Mas soube ainda melhor porque foi comido em nossa casa (graças ao muito concorrido serviço de leve-embora), acompanhado de uma boa garrafa de tinto do Douro e na companhia de um casal de amigos muito do meu coração, com quem já não estava há uns dois anos, no mínimo.
ResponderEliminar5 estrelas!