Quando as mães saem à noite

Queridas Senhoras,

a minha vida não é bem o que parece. Quem me ouvir e ler, pode pensar que saio muito, que conheço os sítios novos, que sei o que está a dar. Saber até sei mas muitas vezes é um conhecimento meramente teórico. Por via do trabalho, sei que abriu um novo restaurante, um novo bar mas primeiro que ponha lá os pés podem passar-se meses. Sair a noite até tarde é uma raridade, acontece duas ou três vezes por ano. Por isso, normalmente, vou a cada lugar apenas uma vez. Quando volto a sair, a moda já virou e não vale a pena repetir os mesmos locais.

Este sábado fui sair com amigas do liceu! Cheguei a casa eram quase quatro da manhã! Loucura total! Que estas loucuras se pagam caro no dia seguinte já sabemos. Os reflexos ficam tão embotados que tudo custa o triplo. A gente distrai-se e depois de umas horas ao sol na esplanada, a tentar restabelecer energias, volta para casa domingo ao final do dia e repara que se acumulou um montão de tarefas. Estamos sem forças, está um frio de rachar mas enroscarmo-nos no sofá está fora de questão. Começam então as negociações: queres fazer a sopa ou ir ao supermercado? Eu faço a cama de lavado, apanha tu essa roupa e estende a outra. Cada um a desejar que o outro diga, deixa estar, eu faço a sopa e vou ao supermercado.

Mas para a posteridade aqui fica o relato de uma noite excepcional. Jantar no Jesus é Goês que há muito queria experimentar. Não decepcionou embora tenha erradamente pensado que seria mais barato do que efectivamente é. Mas indo em grupo, partilhando entradas, pratos e sobremesas, foi possível experimentar diversos sabores, muito intensos, diga-se, e chegar a uns razoáveis 17 euros por pessoa, vinho da casa incluído.



O restaurante fica na Rua de São José e daí seguimos para as Portas de Santo Antão onde brindámos ao início da segunda parte da noite com uma ginjinha. Cais do Sodré era o destino seguinte. Sabia que tinham aberto sítios novos e depois de uma passagem pela Pensão Amor, que alguém ainda não conhecia (eu tinha lá ido apenas uma vez, lá está), fomos conhecer o bar que abriu mesmo ao lado, O Bom O Mau e o Vilão. Um sítio com muita pinta como se pode ver pela foto acima.

Após mais uma cerveja para compensar o picante do Jesus, partimos em busca do segundo lugar da minha lista, um novo bar instalado num armazém à beira-rio. Como não foi fácil de encontrar e como no momento em que alguém já se queixava de um ratinho no estômago vimos uma casa de pizzas, foi essa a paragem seguinte.



A saciar a fome das duas da manhã, foi aí que nos disseram que o sítio que procurávamos ficava ali mesmo por trás. Lá nos dirigimos e tivemos a experiência mais caricata da noite quando um porteiro com sentido de missão resolve fazer uma elaborada apresentação do espaço ao vivo. Entre divertidas e espantadas, entrámos finalmente no Vestigius.



Apesar deste bom aspecto, do ambiente sem dúvida confortável e da decoração ecléctica, este foi o lugar menos consensual da noite. Implacável, a S. (sim, a mesma S. de que falei aqui), identificou o problema: falta de alma. E além disso, continuou ela, Vestigius com U é tão mau como Ká te Kero com K.

Cuidado com as mamãs que saem à noite. São observadoras, altamente críticas e não é qualquer apresentação de fachada que as convence.

Beijinhos a todas, boa semana,

Céu