Os leitores falam às Senhoras: Eva Marcela (bibliotecária e blogger)



Queridas Senhoras,

bibliotecária e blogger de viagens parecem ser duas actividades um tanto contraditórias. Se uma evoca ambientes tranquilos e solenes, a outra remete para a agitação ligeiramente frenética que tende a caracterizar os viajantes modernos e digitais. O que Eva Marcela faz, no seu blogue Documentar o Mundo, é conciliar o ímpeto da viajante com a erudição da bibliotecária (cargo que ocupa actualmente numa biblioteca universitária). Os seus relatos sugerem lentidão, profundidade, conhecimento.


1. O que está a ler neste momento?

Neste momento estou a ler Os Lindos Braços da Júlia da Farmácia de José Rentes de Carvalho  e Itália de António Mega Ferreira.

2. O que leu antes e o que vai ler a seguir?

Enquanto blogger de viagens, tenho um especial interesse por conhecer o mundo e ler acerca de lugares que já visitei ou pretendo visitar. Como apaixonada pelo México li o Viva México de Alexandra Lucas Coelho e o próximo será o Mulheres Viajantes de Sónia Serrano.

3. Conte-nos uma memória de infância relacionada com livros

Os livros em casa dos meus pais estavam numa estante na sala. Como não tinha altura suficiente para os alcançar, pedia ao meu pai que me mostrasse as capas. Nunca que cansava de ver o baú das moedas do Conde de Monte Cristo.

4. Que livros marcaram a sua adolescência?

Os livros sempre foram os meus companheiros, sobretudo nas férias. Preferia ler a ver televisão. O livro que mais me marcou foi Os Segredos da Atlântida de Andrew Tomas que li pela primeira vez com 8 anos. Foi ele que despertou em mim o gosto pelas civilizações antigas, especialmente a egípcia e me fez querer ser arqueóloga. Guardava o dinheiro que recebia e comprava livros de História nas feiras do livro que havia na escola. Quando comecei a interessar-me mais por música (The Doors, Joy Divison, Velvet Underground, Nirvana) passei a ler biografias, em especial da colecção Assírio & Alvim. Com isso veio também um admirável mundo novo de livros de arte e filosofia que acabaram por me conduzir à minha formação de base.

5. Um local público onde goste de ler

Nunca gostei de ler fora de casa porque o ruído obriga-me a um esforço maior de concentração. Por vezes leio na praia ou num jardim mas não saio propositadamente com esse fim.

6. O seu recanto preferido de leitura (em casa)

Ler prossupõe estar deitada. Tenho no meu escritório uma chaise-lounge adquirida especialmente para o efeito. Também leio por vezes no sofá ou na cama antes de dormir.

7. Uma biblioteca importante para si

No meu caso aplica-se o ditado: "Em casa de ferreiro, espeto de pau". Nunca fui de frequentar bibliotecas.

8. As livrarias que costuma visitar

Vou sobretudo à Bertrand, Fnac e Palavra de Viajante.

9. Uma editora de que goste particularmente

Tinta-da-China, Relógio de Água, Quetzal, Taschen e Penguin Books.

10. Que livros gostaria de reler?

Guardo tantas boas memórias de vários livros que até já os reli, alguns mais do que uma vez. No entanto, neste momento seria um luxo incomportável. Desde que sou mãe o meu tempo livre decresceu drasticamente por isso uso o que tenho para novas leituras.

11. Que livros está a guardar para ler na velhice?

Tenho muitas edições da Gulbenkian que adquiri, algumas ainda enquanto estudante, que ou nunca li ou apenas li capítulos. A essas certamente se juntarão outras mais.

12. Acessórios de leitura que não dispensa

Uso óculos porque me fazem falta e por norma um lápis. Se é um livro que necessito para algum trabalho específico, tenho sempre comigo uma caneta e um caderno de capa dura.

13. E se um livro não prende, põe-se de lado ou insiste-se?

Custa-me sempre desistir de um livro e tento que isso não aconteça. Faço uma pausa, volto a pegar-lhe mas se não me cativa, deixo-o mesmo.

14. Costuma ler sobre livros? Quais são as suas fontes?

Em formato papel, sou leitora assídua da revista Ler e do Ípsilon. Em formato digital, acompanho alguns blogues, o The Guardian e The New York Times Books Review.

15. Uma citação inesquecível que queira dedicar às Senhoras da Nossa Idade

Não é bem uma citação. É o início do livro O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald que nunca esqueci: «Quando te sentires com vontade de criticar alguém, lembra-te disto: nem todos tiveram neste mundo as vantagens que tu tiveste.»




Beijinhos a todas,

Céu

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