Queridas Senhoras,
o nosso convidado de hoje gosta de ler em comboios, sabe tudo sobre caminhos-de-ferro e tem uma fixação pelo livro Debaixo do Vulcão de Malcolm Lowry. Escreveu A Caminho do Vulcão, que imagina um encontro entre aquele autor e Álvaro de Campos na Lisboa de 1933. Integra o colectivo Fundación Malcolm Lowry no México (mais sobre isto na entrevista ao Biblioteca de Bolso). Marcelo Teixeira foi coordenador editorial da Oficina do Livro, onde criou a Colecção Ovelha Negra dedicada a autores latino-americanos. Fundou e dirige as Edições Parsifal (2013), «projecto editorial independente com um pé na tradição e outro na inovação».
1. O que está a ler neste momento?
A adaptação para teatro de O Processo, feita por André Gide e Barrault.
2. O que leu antes e o que vai ler a seguir?
Antes, li Um cavalo entra num bar (estava à espera de mais, confesso) e Apuntes para la historia de la guerra entre México y Estados Unidos. A seguir, o novo livro do Mário de Carvalho.
3. Conte-nos uma memória de infância relacionada com livros
Ter Os Sete da Enid Blyton como irmãos e a ansiedade com que esperava o dia da chegada da biblioteca itinerante da Gulbenkian.
4. Que livros marcaram a sua adolescência?
Os que, creio, marcaram quase todos os leitores: A Peste, 1984, O Processo. E também Gogol, de quem me mantenho um indefectível entusiasta.
5. Um local público onde goste de ler
Na adolescência, o meu lugar favorito eram os jardins da Gulbenkian. Actualmente, gosto de ler em comboios.
6. O seu recanto preferido de leitura (em casa)
Na cama, o que faço todas as noites.
7. Uma biblioteca importante para si
A Biblioteca Nacional, em Lisboa, que em certos períodos da minha vida foi como que uma segunda casa.
8. As livrarias que costuma visitar
A que estiver mais perto.
9. Uma editora de que goste particularmente
Fondo de Cultura Económica (México)
10. Que livros gostaria de reler?
Os que vou continuar a reler sempre: Debaixo do Vulcão e a poesia de António Franco Alexandre.
11. Que livros está a guardar para ler na velhice?
Em busca do tempo perdido e Ulisses. Mas não tenho a certeza de que o vá fazer. Há tanto clássico russo para reler...
12. Acessórios de leitura que não dispensa
Infelizmente, vou trocando o lápis pelos óculos.
13. E se um livro não prende, põe-se de lado ou insiste-se?
Põe-se de lado. Com tantos livros a acenar e porque a leitura para mim é sinónimo de prazer, não há muita margem para insistir. Mas é verdade que já me aconteceu pôr um livro de lado que mais tarde me perguntei como havido sido possível fazê-lo.
14. Costuma ler sobre livros? Quais são as suas fontes?
Revistas, livros e suplementos de jornais, sobretudo estrangeiros, dada a escassez nacional.
15. Uma citação inesquecível que queira dedicar às Senhoras da Nossa Idade
«No se puede vivir sin amar», que Jacques Laruelle tinha escrito numa placa pendurada no portão da sua casa, na Calle Nicaragua, em Debaixo do Vulcão, de Malcolm Lowry.
Beijinhos a todas,
Céu
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