O centro comercial (não) fechou

APOLO70

Queridas Senhoras,

espanta-me sempre, quando por acaso entro num centro comercial à hora de almoço e vejo a zona dos restaurantes à pinha, o que leva tanta gente, que supostamente passa o dia fechada no escritório, a vir almoçar fechada no centro comercial.

Tenho vários centros comerciais ao pé do meu local de trabalho e NUNCA almoço lá. Também não é costume frequentá-los para compras, em especial o labiríntico El Corte Inglés de onde tenho sempre medo de não conseguir sair a tempo. A tempo de vir apanhar ar antes que me dê uma coisinha má.

As praças de alimentação deprimem-me especialmente, com aqueles letreiros vistosos, as fotos falsamente apetitosas, o logótipo da moda, os hambúrgueres, as empadas do chef e aquele “novo conceito” que sabe exactamente ao mesmo que todos os outros. O cheiro é igual, o ruído de fundo angustiante. Não gosto. Nada de vagamente emocionante ou surpreendente pode acontecer ali.

Isto é válido para os centros comerciais de grandes dimensões mas também para os médios que tenho aqui à volta: Monumental, Atrium Saldanha e Saldanha Residence. O mais arejado de todos, o Picoas Plaza, com uma zona de alimentação ao ar livre, está quase ao abandono. Que explique quem souber.

E estou a chegar onde quero: o encanto dos pequenos centros comerciais meio abandonados. Atravessamos a porta e parece que somos transportados para outro mundo, para o tempo em que estes locais se chamavam drugstores (esta palavra faz-me sempre lembrar um sítio onde a minha mãe arranjava o cabelo, seria?). Um mundo com logótipos antigos, sem prémios de design, mas onde parece que pode haver, afinal, alguma surpresa.

O bulício citadino dá lugar a um súbito silêncio e o matraquear das conversas e dos talheres é substituído por um leve barulho distante. Queres ver que há aqui escondido um vegetariano com pratos do dia a 5€? Um snack com a bica a 40 cêntimos? Um museu do barbeiro e cabeleireiro? Sim, é verdade, este sítio existe mesmo, no velhinho centro comercial Apolo 70, e tem inauguração oficial marcada para esta semana.

Outros dos antigos é o Imaviz cujos andares inferiores renasceram numa versão underground. Sai-se da Fontes Pereira de Melo e entra-se algures nos anos 80. Fica numa cave mas é refrescante.

Beijinhos a todas,

Céu

Comentários

  1. Em miúda frequentei o Imaviz e o Apolo70 com os meus pais. Ir ao shopping era uma festa, uma efeméride. Não íamos todos os dias. Agora vive-se no shopping - o meu filho pergunta logo se se passa alguma coisa se não vamos lá a um sábado. Mas tenho saudades desses "pequenos"!

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  2. Aqui em Coimbra há umas galerias onde eu costumava ir passear aos fins-de-semana, quando morava na zona de Celas. Gostava muito de lá ir porque tinham uma livraria excelente, a Quarteto, que, infelizmente, já fechou. Soube há dias que também é ali que se encontra os melhores croissants das redondezas, tenho que ir averiguar. Mas em Cascais, antes de haver shoppings, não tenho memória de centros comerciais, a não ser o do Tchipepa, na Rua Direita, que atravessávamos para passar horas (e horas e horas) na esplanada da gelataria. Ainda existe, o Tchipepa? Espero que sim.

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  3. Joaquim Pinto09/03/14, 12:09

    Trabalho á 38 anos no Centro Comercial do Apolo 70 que foi dos primeiros, e que goza de boa saúde, e que os centros pequenos são mais familiares, e que se pode conhecer mais os estimados clientes, que nas granes áreas é mais impossível.
    Parabéns á aura do blog.

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  4. Caro Joaquim Pinto, muito obrigada pelas suas palavras! Votos de sucesso e continuação de bom trabalho no Apolo 70.

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  5. Joaquim Pinto11/03/14, 23:36

    Ceu, só agora li seu comentário com a maior atenção, e que me levou a felicita-la pela descrição que fez aos pequenos Centros Comerciais, onde eu trabalho e que fiz meu modo de vida dignificando minha profissão, e gente de bom nível que frequenta o centro comercial Apolo 70 , e como refere e lhe fico muito grato por fazer referência á inauguração do museu do barbeiro e cabeleireiro, que tem sido um êxito, na divulgação das peças que fazem parte dos utensílios que nossos amigos que alguns já partiram, e é uma forma de os manter vivos na nossa memória, e uma forma de os homenagear.

    Gostaria que um dia visitasse este bonito e interessante museu, que os leitores ião ver que os centros pequenos também tem coisas de interesse público.
    Com a maior atenção
    Joaquim Pinto

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  6. Caro Sr. Joaquim Pinto, muito obrigada! Irei visitar o museu do barbeiro e do cabeleireiro na primeira oportunidade. Até breve!

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