A metafísica dos 4 anos

http://feelafraidcomic.com/57.phpQueridas Senhoras,

dizia Picasso que demorara a vida inteira a aprender a desenhar como as crianças (ou a reaprender a desenhar). Desaprendemos tanto com o crescimento. Desde que sou mãe tenho esta evidência à minha frente todos os dias. Quem me dera que o Francisco conseguisse não desaprender demasiado.

No vazio espiritual que se vive cá em casa, as perguntas metafísicas são de resposta difícil. Noutro dia, o Francisco brincava com a sua grande amiga Ana (de 3 anos) e a conversa era esta:

Ana: Vou espetar a espada no Barrica e ele vai morrer!
F: Olha que a minha mãe não gosta nada de morrer...
Ana: Não é a tua mãe, é o Barrica!
F: Ah!

Bem, mas ontem, enquanto o pai fazia a barba, o Francisco comentava:

F: Queres ficar mais parecido comigo, é?
Pai: Tu é que és parecido comigo, eu é que te fiz! Quando eu era pequenino, era mesmo assim igual a ti.
F: E quando tu eras pequenino eu ainda estava morrido?

A mim, levou-me anos e anos chegar a esta ideia mais ou menos apaziguadora, à falta de outras crenças, de que voltamos para o lugar de onde viemos. Ou se calhar sabia-o e desaprendi-o.

Não consigo deixar de me deslumbrar com a clarividência dos miúdos.

Beijinhos a todas,

Marta

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