Queridas Senhoras,
ontem foi assim, perante uma turma de 9º ano:
"Algum de vocês tem o hábito de escrever num diário? Esperem, eu sei que isto não se pergunta a ninguém, muito menos em público. Algum de vocês conhece alguém que tenha o hábito de escrever num diário? Mesmo que não seja no formato tradicional. Por exemplo, escrevem nalgum blogue ou publicam frequentemente pormenores do vosso dia-a-dia nas redes sociais?
Então e porque é que acham que o fazem?
Eu aprendi com o Holden que nós mantemos registos da nossa vida, nos mais variados formatos, para, passado algum tempo e ganho algum distanciamento sobre os acontecimentos, podermos construir uma narrativa que nos reconcilie com o passado. «Nunca contem nada a ninguém. Se contam, acabam por ter saudades de toda a gente.» É assim que termina este livro, À Espera do Centeio, narrado por um rapaz de 16 anos em plena crise existencial. Quem é Holden Caulfield e o que quer ele da vida? Vou tentar responder-vos a estas duas questões mas não vos prometo que o consiga fazer."
Não terá sido assim palavra-por-palavra, estou a basear-me apenas na memória e das minhas notas. Seguram-se 40 minutos de leituras, interpretações, perguntas, respostas e descobertas. No final, eu sabia muito mais sobre os miúdos de 14/15 anos de hoje, e eles sabiam muito mais sobre o Holden Caulfield. Aplaudiram. Eu corei. Um deles veio contar-me que a irmã já lhe falara neste livro e que agora iria mesmo lê-lo. E outro abordou-me para me dizer que tinha gostado muito de me ouvir.
É oficial: sou Voluntária de Leitura e estou a adorar.
Beijinhos a todas,
Marta
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