As sugestões de Cláudio Garcia*
Leiria é a cidade que paga milhares de euros para ser o cenário de uma telenovela chamada Nazaré. E que quer candidatar-se a capital europeia da cultura 2027. Fora isso, tem estes três lugares onde a realidade supera a ficção.
Arquivo
Avenida Combatentes da Grande Guerra, 53 | Segunda a sábado, das 12 às 20 horas
A livraria onde todos se conhecem como numa loja de bairro e um dia entra-se e está Valter Hugo Mãe à conversa com leitores. Ou José Luís Peixoto, Gonçalo M. Tavares, Afonso Cruz, entre outros. Dirão maravilhas da Arquivo, se lhes perguntarem, porque a Arquivo é aquele lugar de onde não apetece sair, a não ser para voltar. Pelo oitavo ano consecutivo, a livraria com Melhor Ambiente na votação promovida pela Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL). E, em 2020, também segundo lugar na categoria principal, a de Livraria Preferida. Há exposições, tertúlias e uma esplanada com vinho a copo e refeições rápidas de baptismo literário. Recomenda-se Um Amor Feliz, a reencarnação de David Mourão-Ferreira em tosta de abacate.
Até 14 de Dezembro, exposição Meninos das Lágrimas, com desenhos da ilustradora Mariana, a Miserável.
Esta sexta-feira, 20 de Novembro, às 21 horas, João Tordo em directo no Facebook da Arquivo para falar sobre o romance Felicidade.
Ao Largo
Rua Dr. Correia Mateus, 36 | T. 244205521
Um restaurante que se explica a si mesmo com a assinatura “comida e amigos” e que no confinamento juntou uma playlist no Spotify (e mensagens da equipa para os clientes) em cada entrega ao domicílio. Tem esplanada, amor e amizade. Dos últimos dias, por exemplo, raia no forno com molho de alcaparras e limão, sopa de milho e tomate com paprika e amendoim, açorda de alheira e grelo, lombinho de porco agridoce com pêra rocha e arroz selvagem de espinafres e lasanha de tintureira com salada verde. Sugere-se a feijoada de pleurotus – não implica cadáveres e é um clássico do Ao Largo.
Mesmo em frente, fica o Teatro Miguel Franco, a coisa mais parecida com a RTP2 que se encontra em Leiria.
Próximas sessões: 25 de Novembro: Ordem Moral, de Mário Barroso; 30 de Novembro: Da Eternidade, de Roy Andersson; 2 de Dezembro: Quatro Contos, de Gabriel Abrantes; 7 de Dezembro: Best Of Curtas Vila do Conde
Atlas
Rua Barão de Viamonte (Rua Direita), 59
Hostel, restaurante, bar e pólo cultural. Fica num edifício antigo no centro do centro histórico mas é provavelmente o destino mais moderno que se arranja em Leiria. Tão moderno que quase parece hipster (e não se deixem enganar, porque o Atlas vai muito além do cliché e é tudo menos um estereótipo). Depois do rés-do-chão-depósito-de-bicicletas que lembra fins-de-semana na Holanda, no primeiro piso o espaço desdobra-se em compartimentos maiores e mais pequenos, furiosamente coloridos. Não deixem de descobrir o terraço com vista para o castelo nem de seguir o programa de eventos (actualmente suspenso por causa da pandemia) que inclui concertos e sessões do festival Shortcutz. Coisas que o Atlas também tem: uma energia boa e contagiante, cervejas internacionais, comida do mundo e, agora, salas para refeições privadas.
*Cláudio Garcia é jornalista. Escreve no Jornal de Leiria e colabora com a rádio TSF.
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