Aquilo que vim cá ser



"ainda não sou o que vim cá ser"


Queridas Senhoras,

o que sofre um corpo de mulher! São só mamas, coxas, vulvas, pele, banhas, músculos, mas quanto sofrem! Corpos usados, beliscados, amassados, esfregados, empurrados, desamados.

Ler Isabela Figueiredo, conhecer e amar a sua Maria Luísa, fez-me lembrar Ana Cássia Rebelo, Elena Ferrante, só para mencionar as mais próximas. O sangue, a violência, a maternidade, as feridas, o sangue, os filhos. Abortos espontâneos, raspagens do útero. Que inferno, estes corpos, que somos as primeiras a desamar.

“Que bonito é o meu corpo! Que gorda tão doce! E que poder! Como é que não percebi antes, como é que pude escutá-los todos aqueles anos? (…) Que bela mulher eu sempre fui! Um corpo tão perfeito, como pude desamá-lo tanto?!
pp. 283

A resiliência de Maria Luísa, das mulheres de Ferrante, da Ana de Amsterdam, que sofrem mas querem viver, viver sempre! Ser o que vieram cá ser. Apesar do corpo, de corpo inteiro.

«Só cor, luz e calma. Sinto-me bem. Não quero parar de viver. Nunca! Quero para sempre a experiência deste momento e de outros que virão e agora desconheço.»
pp. 269

«não podem imaginar como esta carta e este sonho me alentam, me dão um sentido, me tornam naquilo que vim cá ser.»
pp. 280



Beijinhos a todas,



Céu

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