O primeiro texto que deves ler este ano!

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Queridas Senhoras,

nos últimos tempos, vários textos têm chamado atenção para a forma como nos comportamos e opinamos no espaço público, sobretudo nas redes sociais que passaram a dominar o modo como buscamos e expressamos opinião.

Clara Ferreira Alves chama-lhe a idade da estupidez, o filósofo André Barata focou o problema da ascensão do politicamente incorrecto e Pacheco Pereira, na sua crónica de ontem, caracteriza esta sociedade da comunicação imediatista como uma nova ignorância.

A nova ignorância assenta numa ilusão. A ilusão de estarmos informados, em cima do acontecimento, podendo a todo o momento opinar e seleccionar opiniões. Obtermos gratificação imediata, quer lendo apenas as opiniões e comentários com que nos identificamos, explodindo de raiva com quem pensa o contrário, inflamando o ego com likes e elogios.

O algoritmo que está por trás das redes pode ser complicadíssimo mas o isco que nos põem à frente do nariz é do mais básico que há. Apela ao clique imediato num título estapafúrdio e sem conteúdo, fomenta a partilha de notícias absurdas, instiga ao extremar de posições sem tempo para reflectir e expor argumentos. Como sublinha Pacheco Pereira, tudo tem de ser sempre “excitado, assertivo e taxativo.” Por isso proliferam as opiniões extremadas, de preferência reduzidas em frase muito fortes e muito curtas. Ninguém tem paciência para ler textos grandes, já sabe. É preciso resumir tudo num claim muito eficaz, à maneira da publicidade.

No início do novo ano podemos também aproveitar para reflectir sobre o tempo que andamos a gastar com os conteúdos ocos, e por vezes perigosos, veiculados pelos algoritmos das redes. Não temos que deixar de as usar mas devemos estar cada vez mais atentos a formas insidiosas de limitação do verdadeiro conhecimento e saber, substituindo estes por conteúdos de consumo rápido, doces como o açúcar, viciantes como as drogas.

 

Beijinhos a todas!

Céu

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