Vamos falar de árvores

The-Park


O Parque, de Gustav Klimt, 1909


Queridas Senhoras,


hoje descobri este quadro de Klimt. Cá em casa, um dos passatempos é descobrir obras cujas reproduções queremos pendurar nas nossas paredes e depois passar horas (ou dias) a tentar perceber onde enfiar mais um quadro. Este fica de fora, porque há muitos outros à sua frente na lista de espera. Mas é encantador, não acham?


A imagem surgiu no meu feed do Facebook e, por causa dela, fui descobrir que cerca de um quarto das obras do pintor são paisagens. Paisagens densas, monotemáticas, sem horizonte. Como O Parque, na imagem acima, e esta Floresta de Faias I, de 1902, reproduzida abaixo:


Forest


Klimt interessou-se por várias paisagens de árvores e pintou-as quase obsessivamente, para registar todas as oscilações das suas tonalidades, nos idos anos do começo do século XX.
Isto foi hoje; e remeteu-me para uma descoberta de há umas semanas, que acaba por ser uma lufada de ar fresco, já que se trata de uma boa notícia dos EUA. A entidade que gere os parques públicos de Nova Iorque procurou registar minuciosamente todas as árvores das ruas da cidade. O resultado é um mapa digital completo da floresta urbana da Big Apple, complementado com informações referentes aos benefícios que cada exemplar traz para o ambiente e para a economia. Aconselho vivamente uma visita ao site tree-map.nycgovparks.org, antes que desapareça do mapa...


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E esta conversa toda sobre árvores remeteu-me para um poema (tão pertinente por estes dias) da poeta, ensaísta e activista feminista Adrienne Rich, que insiste que 'em tempos como este, para conseguir ser ouvido é preciso falar de árvores'.


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Acontece que o título do poema de Rich é inspirado num trecho de outro poema, escrito em 1939 pelo poeta alemão (exilado) Bertolt Brecht sob os negros céus que então o cobriam:




What times are these, in which
A conversation about trees is almost a crime
For in doing so we maintain our silence about so much wrongdoing!



Podem ler neste artigo da Harper's Magazine a versão integral do poema de Brecht, tanto no alemão original como numa tradução para inglês. E depois decidam, de acordo com as vossas consciências, se estes são ou não tempos de falar de árvores - e, se forem, qual o tom do discurso a adoptar. Eu, por hoje, escolhi este.


Beijos a todas,


Marta

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