Queridas Senhoras,
as nossas idas à biblioteca (ou, melhor dizendo, à Casa da Cultura) dividem-se entre as brincadeiras com o Francisco na ludoteca, a requisição de livros na biblioteca infantil e na biblioteca 'dos crescidos', e a escolha de filmes na videoteca. Também lá vou umas manhãs, durante a semana, quando preciso especialmente de sossego para escrever. A Casa da Cultura é um dos meus cantinhos preferidos de Coimbra (apesar de ontem me ter visto aflita com o pó dos livros infantis versus a rinite alérgica que não me larga no outono). E, Céu, tem aquela que será, muito provavelmente, a melhor das cantinas da cidade, pequena, tranquila e envidraçada - queres espreitar a ementa para a próxima semana?
Na semana passada trouxe o filme The Iron Lady. E é sobre ele que vos quero falar, apesar da longa introdução.
Primeiro, por causa de Meryl Streep. Há tempos li um post, detesto que isto me aconteça mas não me lembro onde, que evocava o factor Meryl Streep como a chave do sucesso em qualquer área. Porquê? Porque, para a actriz com 17 nomeações para os Óscares e três estatuetas, com 27 nomeações para os Globos de Ouro e oito globos na prateleira, ser a melhor depende exclusivamente de si mesma. O filme não é grande coisa? Não faz mal; no mínimo, uma nomeação. 'O Diabo Veste Prada' é disso um exemplo. E, neste caso em particular, interpretando Margaret Thatcher, ganhou mesmo o Óscar, apesar do filme, das incorrecções históricas, do hollywoodizar da vida e da personalidade da verdadeira dama de ferro. Meryl Streep só sabe ser a melhor, mesmo que todos em seu redor não o sejam.
Depois, por causa da demência de Thatcher nos seus últimos tempos de vida. Inevitavelmente, fiz a ligação a Iris, esse, sim, um filme todo-maravilhoso, um retrato de Iris Murdoch. a filósofa/escritora que acabou os seus dias sabotada pelo Alzheimer. Não terá sido alheio à ligação o facto de o brilhante Jim Broadbent ser 'o marido' em ambos os filmes. É de uma crueldade, esta perda de noção do real em idade avançada, deixa-me mesmo aterrorizada. Junto a todas as outras preocupações com a saúde, a minha e a dos meus, as habituais, tenho esta, menos comum, mas muito presente: a preocupação com a saúde do cérebro, o meu e os dos meus.
Finalmente, pela citação de Lao Tsé que (a acreditar no guião) Margaret Thatcher aprendeu com o pai e transformou num lema. Merece atenção: "Watch your thoughts; they become words. Watch your words; they become actions. Watch your actions; they become habits. Watch your habits; they become character. Watch your character; it becomes your destiny.”
A não ser que o cérebro nos pregue uma partida. Aí, não há watching que nos valha.
Bom domingo,
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