(Este post é dedicado à Andreia Melo que acha que eu devia escrever mais no blogue. Este é para ti, Melo!)
Queridas Senhoras,
lembram-se daquele poema de Álvaro de Campos que diz “Mas, se eu pedi amor, porque é que me trouxeram/ Dobrada à moda do Porto fria?” Foram estes versos que me ocorreram hoje ao almoço mas pelo sentimento oposto.
Pedi amizade e conforto e serviram-me uma bela cachupa num 8º andar no centro de Lisboa, mesmo ao pé do Marquês de Pombal. Há toda uma série de mitos urbanos à volta de restaurantes meio secretos em quartos, quintos ou oitavos andares, em prédios insuspeitos por toda a cidade.
Este não é mito, nem sequer é segredo. É o restaurante da Associação Caboverdeana de Lisboa, no nº 2 da Rua Duque de Palmela. Às terças e quintas-feiras há cachupa (quente) com música ao vivo. Dança-se e tudo. Mas quem desejar pode só comer e observar os pares.
Nada na entrada do edifício denuncia a existência de tal antro de calor humano. Mas isso faz parte do mito. Subimos num duvidoso elevador, saímos no dito 8º andar e entramos de chofre num salão cheio de mesas compridas, totalmente repleto de comensais. Mais parece um casamento, daqueles populares e bem-dispostos, travessas na mesa, meia bola e força. O almoço já vai avançado, a música soa alta, os pares já se atrevem na pista.
O serviço é despachado, não tem nada que saber, cachupa para todos, ou quase. O ambiente é caloroso, risonho, francamente feliz.
Os restaurantes secretos de Lisboa, em quartos ou oitavos andares insuspeitos, são redutos de conforto e alegria. Contra a sopa-em-pé, os snacks cinzentos, a marmita de todos os dias.
É claro que como a cachupa (quente) sabe melhor é com amigas. Que se dão ao trabalho de nos entregar em mão o postal que nos escreveram em Florença mas que não deu tempo para meter no correio porque foram lá num instantinho correr 42 km ;)
Beijinhos a todas,
Céu
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