Queridas Senhoras,
é com grande alegria que chegamos hoje a Bragança! O livreiro Casimiro Fernandes apresenta-nos a Livraria Rosa d' Ouro, instalada desde 1969 no centro histórico da cidade transmontana e distinguida em 2015 pelo Grémio Literário Vila-Realense. A distinção pretendeu notabilizar a livraria "por se ter distinguido particularmente no apoio, valorização e divulgação dos autores transmontanos e alto-durienses."
1. Quando e como se tornou livreiro?
A livraria foi constituída no dia 13 de Janeiro de 1969 com a designação de Livraria Rosa d’ Ouro mas só em Março de 1980 é que passou a ser gerida pela minha esposa. Desde então, por inerência, passei a ser um dos responsáveis embora exercendo uma actividade profissional diferenciada. A partir do ano 2000 é que me pude dedicar a tempo inteiro à actividade de livreiro.
2. Para si, o que é um livreiro?
Hoje em dia um livreiro é o protagonista de um negócio que tem por finalidade a divulgação de cultura, relegando para segundo plano o lucro. Manter uma livraria obriga-nos a ter uma visão alargada do quotidiano mas sem esquecer o passado e perspectivar o futuro.
3. Como caracteriza a sua livraria?
A livraria Rosa d’ Ouro está localizada no centro histórico de uma cidade do interior, próxima de Espanha, com pouca densidade populacional mas com um número significativo de estudantes, provenientes de diversos países e continentes.
No seu interior, amplo, com muita luminosidade e em ambiente tranquilo, o utente circula livremente, podendo manusear qualquer livro. Uma das nossas principais preocupações consiste em saber ouvir para melhor podermos servir. Os livros são feitos por palavras, as palavras podem transformar as pessoas e as pessoas podem encontrar nas livrarias os livros que podem transformar as suas vidas. Ponderadas estas situações, de forma alguma podemos descurar a oferta de livros escolares em pé de igualdade com todo o género literário, desde o infanto-juvenil, literatura clássica e autores contemporâneos. Atrevo-me a destacar uma secção de autores transmontanos ou, não o sendo, de autores que falem da nossa região.
4. Qual entende ser o papel das livrarias independentes nos bairros, vilas e cidades?
Nos dias de hoje, uma pequena livraria de bairro, vila ou cidade, atenta às permanentes publicações, estabelece um traço de união entre os grandes pensadores, filósofos, romancistas, cientistas e o público em geral. Neste âmbito, deverá participar nos mais diversos eventos de promoção de leitura.
5. Quais são os principais clientes da sua livraria e o que procuram?
Atendendo à sua localização temos todo o tipo de clientes: estudantes, turistas, bibliotecários e pessoas com o gosto pela leitura. Toda a pessoa que visita a nossa livraria tem que ser vista como um amigo. Temos estantes para todos os gostos: ficção, policiais, contos, romances, poesia, livros escolares…etc. A procura é diversificada.
6. Em sua opinião, o que pode contribuir para formar mais e melhores leitores?
O melhor contributo que podermos dar para formar mais e melhores leitores passa por:
a) Estarmos em sintonia com as escolas.
b) Reforçar os laços de amizade com os nossos leitores. Um bom leitor sempre consegue atrair outro leitor.
c) Dar destaque às novidades. Uma montra apelativa é sempre “um convite à leitura” tal como consta do nosso lema.
d) Promover ou apoiar o lançamento de livros no nosso espaço.
e) Sinalizar o dia mundial do livro, da poesia, das bibliotecas ou de encontros de livreiros.
f) Nunca esquecer que os livros podem transformar as nossas vidas.
7. Por último, pode recomendar-nos dois ou três livros importantes para si?
No dealbar da minha adolescência li o Guerra e Paz de Lev Tolstoi. Deixou-me marcas indeléveis. Actualmente recomendaria A Febre das Almas Sensíveis de Isabel Rio Novo. Em termos de poesia destaco o livro Despeço-me da Terra da Alegria de Ruy Belo e Obra Breve de Fiama Pais Brandão, para não citar outros.
Com sugestões destas, a vontade é mesmo ficar horas à conversa com o livreiro.
Beijinhos a todos,
Céu
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